Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear...
No movimento (eu mesmo me desloco
nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.
Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.
Mas ─ esta é boa! ─ era do coração
que eu falava....e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação?
(Fernando Pessoa)
Poesia apresentada por Maria Zenaide e Leia
Etapa VI B
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