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30 de jun. de 2009

A LINGUAGEM EM VERSOS

LIBERDADE

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada em coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as crianças.
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
(Fernando Pessoa)

Apresentado por Solange, Daiane e Carlos
Etapa VI A

O VARAL

Às vezes acontece
Um susto me atravessa
De cima embaixo
Como se eu fosse um país
Uma floresta abismada
E fico assim um instante
Perdida no meio da vida
Barco fantasma no mar.

Do umbigo a vida explode
Em fio atônito
Em mil signos
Em mil signos
Em alvoroço felino.

A vida é o varal
de onde também vem os sonhos.

Apresentado por Selma, Jackson e Paloma
Etapa VI A
SONETO DO PÁSSARO

Batem as asas? Rosa aberta, a saia
Esculpe, no seu giro, o corpo leve.
Entre músculos suaves, uma alfaia,
Selada, tremeluz à vida breve.

O que mal percebido, se descreve
em termos de pelúcia ou de cambraia,
o que é fogo sutil, soprado em neve,
curva de coxa atlântica na praia.

Vira mulher ou pássaro? No rosto,
essa mesma expressão aérea ou grave,
esse indeciso traço de sol-posto,

De fuga, que há no bico de uma ave.
O mais é jeito humano ou desumano,
Conforme a inclinação de meu engano.


Apresentado por Ana Paula, Cícero e Rosiléia
Etapa VIA
A ESTRELA

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!

Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por tão alta luzia?

E ouvia-a na sombra funda
Responder que assim fazia

Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
(Manuel Bandeira)
Poesia apresentada por: João, Solange e Adriane
Etapa VI A

AURORA COM MOVIMENTO

A linha móvel do horizonte
Atira para cima o sol em diabolô
Os ventos de longe
Agitam docemente os cabelos da rocha.
Passam em fachos o primeiro automóvel, a última estrela
A mulher que avança
Parece criar esferas exaltadas pelo espaço
Os pescadores puxando o arrastão parecem mover o mundo
O cardume de botos na distância parece mover o mar.
(Vinícius de Moraes)


Apresentado por: Aline e Eduarda
Etapa VI A



O NOVO MUNDO

Sei que virá como um anjo
e pousará, tranquilo,
no doce sono do berço,
no leve balanço do dia,
no claro escuro da noite
e trará
o mais belo dos sonhos.

Sei que será feito arcanjo,
um tanto de Gabriel,
um pouco de Lucas, José,
de Felipe e João,
feito um querubim
no doce balanço dos dias.

Sei que trará
a novidade da vida,
como se fosse esta vida
não provação ou tristeza,
tampouco lágrima ou sombra,
mas companhia, alegria,
e fosse riso, claridade.

Sei que não ouso demais
ao perceber este dia
posto que a vida
assim deve ser.
Mas, se tal não acontece,
há que se perguntar:
Por quê?

Porque não tornar este mundo
belo como o nascimento
como se fosse este parto
o parto de uma nova vida?
Como se fossem os filhos de todo mundo,
e o anjo que ora nasce
tivesse por pai todo homem
e toda mulher desta terra.
Que todo criança nascida
fosse acolhida no seio
de qualquer nação deste mundo.
E se mais mundos houvesse,
fosse cidadão também desses.
Com todo direito e dever
que neles porventura existissem.

Será este mundo então
repleto de mundos e povos
que viverão entre irmãos.
E será a humanidade
feito um grande parentesco
de filhos e pais,
e tias e primos
sem graus nem distinção.
E se fará deste mundo
um somatório de mundos
no doce sonho dos dias,
no leve balanço dos anjos,
no solo mais belo dos sonhos.
(Jorge Fernandes)


Poesia escolhida por Cássia, Vinícius e Clauciane
Etapa VI A
UMA MENINA

Uma vez eu conheci uma menina.
Talvez fosse eu, como ela, menino ainda.
E éramos tão próximos que de tão próximos
ficamos distantes.
E, se eu queria cinema, ela queria sair.
E, se eu queria dormir, ela queria dançar.
E, se ela queria lua, eu...
queria o mar.
Então, o tempo passou, a menina cresceu
e não mais a vi.
Sim. Nós tínhamos que ir. Um pra lá, outro pra cá.
Sim. O mundo é um completo andar.
(Jorge Fernandes)

Poesia escolhida por Pablo, Maicon e Matheus
Etapa VI B
AH, UM SONETO...

Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear...

No movimento (eu mesmo me desloco
nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.

Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.


Mas ─ esta é boa! ─ era do coração
que eu falava....e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação?
(Fernando Pessoa)

Poesia apresentada por Maria Zenaide e Leia
Etapa VI B
A LUA NO CINEMA

A lua foi ao cinema
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que quando apagam,
ninguém vai dizer que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:

─ Amanheça, por favor!
(Paulo Leminski)


Poesia apresentada por: Andréia, Ediane e Altair
Etapa VIB
SONETO DE VÉSPERA

Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto te esperar, que te direi?
É da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?

Que beijo teu de lágrima terei
Para esquecer o que vivi lembrando
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer por que chorei?
Como ocultar a sombra em mim suspensa
Pelo martírio da memória imensa

Que a distância criou ─ fria de vida.

Imagem tua que em compus serena
Atenta ao meu apelo e à minha pena


E que quisera nunca mais perdida...
(Vinícius de Moraes)


Poesia apresentada por: Mateus, Tâmara e Tamires
Etapa VIB







2 de jun. de 2009

TRABALHANDO COM POESIAS








  • Trabalho com as turmas do EJA etapa VI ( 8ªsérie)


  • Bate-papo com o Professor Jorge Luís Fernandes autor do livro de poesias " O professor que escrevia";


  • Em grupos os alunos irão escolher poemas de outros autores para lerem em sala de aula.


  • Recursos: Data-show;


  • vídeos;


  • internet;